sábado, 16 de outubro de 2010

Campos do Jordão > Paraty - Impressões sobre Campos


Antes de começar a relatar as nossas impressões sobre Campos do Jordão (passamos quase uma semana lá antes de partir para a aventura propriamente dita), devo revelar a nossa primeira lesadisse da viagem. Como contei no post anterior (o link está no fim desse post), nós decidimos enviar a nossa bagagem de carro para a rodoviária, sendo que nós iríamos pedalando sem peso. Marcamos a entrega das bagagens na rodoviária mais tarde do que o horário em que nós chegaríamos, pois ainda teríamos que desmontar as bicicletas e, apesar de já termos treinado o desmonte em casa, não queríamos surpresas. Chegamos na rodoviária no horário que tínhamos programado, compramos as passagens e fomos para a plataforma desmontar as magrelas. Foi quando nos demos conta de que todas as nossas ferramentas tinham ficado em uma das nossas mochilas, que só chegaria na rodoviária quase uma hora mais tarde! Resultado: tive que acordar o Luiz para levar as bagagens mais cedo e quando embarcamos as bicicletas o bagageiro do ônibus já estava relativamente cheio, ou seja, foi suado! Por esse motivo, nada de fotos das bicicletas preparadas para entrar no bagageiro.

Basicamente fizemos o seguinte: com a bicicelta de cabeça para baixo, ou seja, apoiada no selim e guidão (lembre-se de de afrouxar e girar o trocador de marchas no guidão de forma que não seja ele a ficar apoiado no chão), tiramos as duas rodas e o macaquinho, prendemos (com sacos plásticos e tensores) o macaquinho e as rodas no quadro (uma de cada lado) e colocamos os pedais para dentro. Pronto! A nossa ida para Campos do Jordão foi feita pela Viação Três Amigos. Eles não nos exigiram nenhum documento e nenhuma taxa extra, mas, como já disse, precisamos tirar as duas rodas das bicicletas.

O frio e o preço das coisas foi o que mais nos chamou atenção em Campos do Jordão. Durante o meio do dia era possivel até sentir calor (ainda mais pedalando), mas bastava o sol começar a descer que a temperatura caía ao congelamento. Lá pelas 23h era fácil ver os termômetros alcancarem 5ºC. Ou seja, se você pretende sair cedo do hotel e ficar na rua até tarde, prepare-se para ficar carregando um casaco pesado enquanto o frio não vem. E se você acabar decidindo entrar em algum lugar para se esquentar e tomar uma cerveja (a fábrica da Baden Baden fica lá, disseram que as cervejas são mesmo muito gostosas), prepare-se/controle-se, pois senão vai ter que penhorar um rim no fim da noitada! Um almoço no Capivari (que é o bairro mais chique de Campos, onde se concentra a vida noturna) dificilmente sai por menos de R$20, facilmente alcança três dígitos. Mas quando se afasta do Capivari os preços diminuem consideravelmente. Uma dica é tentar fazer as refeições no Mercado Municipal, dá para encontrar PF por R$8 (infelizmente descobrimos isso só no fim da nossa estadia). Hospedagens mais baratas também são mais fáceis de encontrar quando se distancia do Capivari. Nós ficamos na Don Raton por uma diária de R$40 no quarto quádruplo, sendo que esse já era um preço promocional para os congressistas. A pousada tem um bom atendimento e boa estrutura, fica distante do Capivari, mas tem ônibus de linha que passa regularmente.

Bem em frente à pousada Don Raton tem um estabelecimento que nós cariocas chamamos de podrão. O típico podrão carioca é uma barraquinha que conta com poucos funcionários e que vende todo tipo de sanduiche, desde cachorro-quente de linguiça até X-tudo. Claro que hoje em dia tem podrão de tapioca, de sopas e caldos, até de crepes, aqui no Grajaú já tem até podrão com sanduiche vegetariano! Mas o que nós enconramos nesse podrão de Campos do Jordão foi diferente de tudo, o pão era simplesmente imenso! Pense num pão desses normais de hamburguer que você conhece. Aproximando o formato desse pão a um quadrado, o pão do podrão de Campos do Jordão (que rima legal!) tinha o lado com o dobro - sim, o dobro - do tamanho! Bem, o preço também é duplicado (os mais simples custavam cerca de R$7), mas nada que se destaque do padrão da cidade.

Para os ciclistas, à primeira vista Campos do Jordão parece bem hospitaleira. Tem muitos cicles e você vê o tempo todo ciclistas nas ruas (trabalhando, se divertindo, se exercitando...). Além disso, a rua principal, onde também passa o trem, tem ciclovia. Essa ciclovia, entretando, encontra-se em péssimo estado de conservação em alguns pontos, em outros está mal iluminada, e some a isso o hábito dos pedestres caminharem na ciclovia. Ou seja, é um verdadeiro caos! O que nos levou a preferir pedalar na rua mesmo em alguns pontos. Qunato aos cicles, nós recomendamos o Alex Bikes, que fica na rua principal, nas imediações da rodoviária (na verdade, fica a alguns bons metros - pode ser 1km - da rodoviária, na direção do Mercado Municipal, mas não conseguimos lembrar de nenhum outro ponto de referência). Aparentemente esse é o único cicle que fica aberto no fim-de-semana e, durante a semana, é o que fecha mais tarde. Além disso, eles nos atenderam muito bem, inclusive sem cobrar por alguns serviços simples (como apertar os cubos da minha bicicleta, que estavam com uma folguinha), apesar da nossa insistência.

Durante a nossa estadia conhecemos três pontos turísticos de Campos: o Horto, o Pico do Itapeva e a Ducha de Prata.

Horto (Parque Estadual de Campos do Jordão) -> A chegada é feita pela Av. Pedro Paulo, em toda a cidade tem placas, então é fácil de encontrar. O caminho é muito legal de ser feito de bicicleta (cerca de 1h e 30min pedalando), pois tem umas paisagens bonitas e a estrada é pouco movimentada e com asfalto em bom estado (um trecho estava em obras). Também é possível chegar de ônibus de linha e de táxi. O preço a ser pago na entrada é meio variável. De acordo com uma placa que tinha bem na entrada do Horto, motos pagam R$3, carros R$5 e ônibus (de turismo) R$10, além disso, cada pessoa paga R$5 (com meia-entrada para estudantes). Mas o que aconteceu na prática foi que nós que estávamos de bicicleta entramos de graça e alguns amigos nossos que foram de táxi pagaram R$5 cada. Para quem vai de táxi a dica é então descer antes da entrada do Horto e passar pela porteira como pedestre, assim entrando de graça.

Perto da entrada tem um quiosque onde vale a pena comer um bolo de pinhão (se não me engano R$2 o pedaço), que é muuuuito gostoso! Ainda perto da entrada tem uma estação de aluguel de bicicletas (Chris e Ana, vocês lembram o preço da hora?). Logo no começo da estrada para a Cachoeira do Galharada tem um viveiro de mudas onde dá para comprar filhotinhos de Araucária (e outras plantas).

Mudas de Araucária à venda no Horto. Notem que as plantas maiores levaram mais de 3 anos para atingir expressivos 30cm de altura. Não faço nem ideia de quanto tempo levam para chegar - fácil - aos 30m.



Essa cachoeira, sinceramente, não me impressionou muito, a queda d'água é pequena, o poço é pequeno (não que alguém tivesse coragem de entrar se ele fosse maior...), nada muito surpreendente. Retornamos pela trilha da Celestina e recomendamos fazer essa trilha de bicicleta apenas se você for um praticante de Mountain Bike (ou se gostar de empurrar a magrela), pois a trilha é bem estreita em alguns pontos e cheia de obstáculos. O visual da trilha é muito bonito, vale a pena deixar um pouco a bicicleta para fazer essa caminhada.

Uma curiosidade é que nas mesmas placas que indicam o caminho até o Horto têm indicações também do caminho para a Cachoeira do Diamante. Chegando no Horto perguntamos para um funcionário sobre a tal cachoeira e o rapaz nos disse que, na verdade, não existe acesso para ela! A Prefeitura colocou as placas, mas não se preocupou em abrir o acesso. Legal, né?

Mapa das trilhas do Horto Florestal de Campos do Jordão. Clique na imagem para vê-la em tamanho maior. Foto feita no centro de visitantes do Horto.















Ducha de Prata -> Fica bem perto do Capivari, por volta de 30min pedalando. Também é possível chegar utilizando ônibus de linha. As duchas são artificiais e alimentadas por um rio represado. Como chegamos lá já no fm da tarde, estava bem vazio, inclusive as lojas de souvenires já fechadas. De qualquer forma, parece que bate sol no local das duchas durante o dia, então talvez até seja possível tomar um banho. Para nós, a melhor parte dessa visita foi o caminho de volta: uma descida não muito íngreme, com asfalto perfeito e pouquíssimo tráfego. Essa estrada é a que dá na praça onde tem uma estátua imensa de cavalo.

Pico do Itapeva -> O caminho passa pela Ducha de Prata e ainda se estende por uns bons quilômetros. Levamos umas 2h na subida, que tem uns trechos bem íngremes onde eu precisei empurrar mesmo sem peso. A estrada é muito bonita, perfeitamente lisa, com vários pontos onde é possível avistar o vale, praticamente sem tráfego.

Uma das vistas do vale a partir da estrada para o Pico do Itapeva.













A estrada para o Pico do Itapeva, muito boa!













A única coisa que decepcionou foi o pico em si. Nós estavávamos imaginando um mirante com vista para toda a cidade (informação que conseguimos em um dos muitos folhetos turísticos que pode-se encontrar em Campos do Jordão), mas o que tinha lá era só uma placa. Pouco abaixo dessa placa tinha um mirante, mas com uma vista bem modesta, e nada da cidade. Depois nos demos conta que ainda um pouco abaixo tinha um hotel desses chiques, que anunciava um mirante entre as suas vantagens. Ficamos pensando se não seria esse o mirante anunciado no folheto turístico...

Olha ai a plaquinha que indica o Pico do Itapeva. Cadê o mirante, minha gente?












Como chegamos no topo no fim da tarde, esperamos o anoitecer (nosso mirante infelizmente não tinha vista para o sol poente) e descemos novamente naquela estrada incrivelmente lisa e silenciosa. Foi muito bom! É importante levar lanternas pois a estrada não tem iluminação.

No geral, ficamos por fim com a impressão de que falta muito para Campos do Jordão ser um destino amigável para quem gosta de viajar de forma independente - sem agência e pacote - e sem disposição para gastar bastante dinheiro. Saindo do centro é possível encontrar paisagens muito interessantes e estradas ótimas para pedalar. Vale uma estadia de uns 2 dias se estiver por perto e quiser conhecer as araucárias.

Araucárias, elas dominam as paisagens naturais em Campos do Jordão.












Mapa dos atrativos de Campos do Jordão fotografado na Ducha de Prata. Considerem o fato do que ele não parece estar muito atualizado (clique para ver em tamanho maior).







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Vejam também um vídeo produzido por um dos Re-ciclo Bikers (Thiago) sobre o candidato José Serra, do PSDB, clicando aqui.